segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Inglorious Basterds


Detesto títulos enganadores. Gosto deles directos. Que não tenham rodeios. Mesmo que o filme seja complexo, ou até mesmo o título seja estupidamente longo (Eternal Sunshine of the Spotless Mind), gosto que o título seja representativo daquilo que vi.


Sacanas Sem Lei. Inglorious Basterds. Tanto traduzido, como original, o título não representa o fundamental da história. Podemos racionalizar e oferecer teorias dizendo que o título não é exclusivo ao grupo do Tenente Aldo Raine, mas que se aplica, dum modo ou de outro, aos vários personagens da história. Afinal de contas, são praticamente todos uns grandes sacanas sem glória.

E por esta ordem de raciocínio o filme podia chamar-se People e estava resolvido.

Explicando-me melhor, esta é uma história sobre judeus que se vingam. O filme podia chamar-se "A Grande Vingança Judaica", mas na volta os palestinianos se calhar também vão ao cinema e uma coisa desse calibre era capaz de os manter afastados da bilheteira. Aliás, a mensagem do filme é especificamente essa, deixando de lado o facto que outros (polacos, ciganos, russos, deficientes) também sofreram com o holocausto. Neste filme, os nazis são simplesmente maus, não há gajos de uniforme merecedores de redenção. Os judeus são simplesmente bons, sem um que se vira contra o seu povo a favor de salvar a sua pele. Escalas de cinzento no que diz respeito a morais? É melhor ver noutro lado.

Deixemos então de questionar a validade do título, ou a abrangência da mensagem, e foquemos o filme em si. É bom e entretém. Os diálogos são bem escritos, mas o seu conteúdo não é particularmente relevante ou inspirador de reflexão. Fala-se imenso sobre cinema, ou a história do mesmo, atirando-se nomes e datas para deleite dos geeks da sétima arte. Tarantino arrisca até, suponho, concretizar uma fantasia de adolescente metendo um agente secreto cuja especialidade é a crítica de cinema.

Toda esta conversa está ali um pouco para encher chouriços, já que não constrói personagens, nem implica os seus demónios interiores na história. São, na sua maioria, personagens simples, exceptuando o Coronel Landa e a Soshanna. Estes dois são, para mim, o que realmente fica do filme, e a cena inicial que os une em destino, sem trocarem uma palavra é o momento alto da experiência, cortesia duma excelente interpretação de Christoph Waltz.

O som é fenomenal, mas a banda sonora reflecte o espírito "Segunda Guerra Mundial Lite". A fotografia é muito atmosférica e faz o que lhe compete, servindo o filme e não o contrário.


Conclusões finais:

  • título muito inadequado;
  • sólido em entretenimento, mas parco em conteúdo;
  • ecoando o resto, Christoph Waltz e o seu Coronel Landa fazem a festa toda;
  • de todos os filmes do Tarantino, achei este o pior;
  • muito bom para passar o tempo, mas de longe imprescindível.

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