domingo, 23 de agosto de 2009

Crysis


"A bad taste in my mouth"

Quase dois anos depois de ter saído, num encontro com as chamadas ofertas de ocasião, decidi comprar o jogo que derrubou todas as máquinas.


Comecei por instalar a demo, mais para ver como é que a minha recém construída máquina lidava com o jogo que saiu uma geração antes do suposto. No entanto, acabei por me maravilhar com a beleza do mundo artificiado pelos homens e mulheres da Crytek. Não ganharam tantos prémios em excelência gráfica à toa.

O que as imagens não fazem justiça é ao relativamente profundo gameplay existente. A "gimmick"aqui está no Nanosuit, o fato que envolve o protagonista. Apenas um de quatro poderes pode estar activo de cada vez: força, velocidade, resistência ou invisibilidade.

Combinando a gestão deste leque de poderes que influenciam as abordagens das nossas incursões, com uma inteligência dos adversários bastante credível, em mapas com variadíssimas formas de chegar ao destino, criam-se as condições para excelentes cenários de gato e rato, em que os papéis se vão alternando constantemente.


Até agora, tudo ok, certo? Aliás, tudo o que falei pode facilmente inferir-se a partir da demo. Bem, pensei eu, o jogo completo será mais do mesmo. O que é bom, já que o "mesmo" está muito bem conseguido.

A história é vulgar, sem grande criatividade, a par das obras em que o Steven Seagal entra a partir ossos. Previsível e até confortável, apenas uma desculpa para andar a chacinar a maior parte do Exército Popular Coreano.


Pena, então, que para o final as coisas corram horrivelmente mal. E não falo daquele "mal que é fixe, porque surgiu um vilão interessante que me deu um motivo para dar cabo de ainda mais canastro". Falo mal, porque quando a história decide avançar, o jogo deixa de nos dar motivos para usar o fato de modo criativo e tranca-se numa sequência linear e scriptada, rumo ao clímax final.

E que clímax. Não sei bem por que carga de água, mas o raio do jogo no meu PC decidiu encravar numa set-piece. Decidiram colocar o máximo de coisas a rebentar numa zona com muita água, à noite.

A sério? A sério que comprometeram uma cena "épica" por obviamente ignorarem o conceito de desempenho médio (o jogo, na sua maioria, corre muito bem no meu PC) e encherem o final com tanta guloseima gráfica, que sinceramente, não interessa? Aconselharam-se com o Michael Bay, foi?

Acabei por descobrir, que esta cena onde encravei, está imediatamente antes do conflito final. Assim que soube isto, tive a certeza que o tal "mesmo" que vi na demo não iria voltar.

Como não estou aqui para as cutscenes, caguei.

Sim, assim mesmo. Caguei.

Portanto, para aqueles que finalmente conseguiram apoderar-se de hardware capaz de aguentar com este menino, e que talvez estejam interessados, tenho os seguintes bullet-points:
  • Excelente e indutor de adrenalina desde o início, até antes do terço final, quando as coisas ficam realmente esquisitas. Daí em diante, só aqueles mais interessados em "closure" é que irão retirar proveito. levar com um final da categoria do Halo 2. Yummy/Sarcasmo.
  • Menos Hollywood, e mais jogo a sério e estava aqui um clássico, tanto em tecnologia, como em design.
  • A meu ver, é uma ferramenta interessante de benchmark.


A ver se o Warhead redime alguma coisa.

2 comentários:

  1. Já tinha ouvido falar desse terço final estranho que descreveste.

    Bem, já tinha o jogo na lista para jogar, mas com a tua confirmação vai ser mesmo jogado... eventualmente...

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  2. Molhei-te mesmo o apetite?

    Sinceramente, acho que 2/3 dum jogo não o fazem jogo. Fazem 2/3.

    São 2/3 muito bons, cheios de adrenalina, com um open-world que interessa (não há cá gestão social, a la GTA4), mas quando estás entretido a comer a tua salada de fruta e te está a saber pela vida, chega alguém e caga-te na taça. E daí em diante vais ter que fazer um esforço enorme para te lembrar do início, e ficar por aí.

    My recommendation: fica-te pela demo.

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